Minha história como streamer
Minha jornada como streamer e criador de conteúdo começou em 2017. Até então, eu desconhecia o mundo das lives. Entre 2011 e 2015, devido a estágios, emprego e faculdade, mal acessava redes sociais. Na época, eu basicamente usava o MSN e Orkut, ambos em declínio, e o Facebook, que começava a crescer. Durante esse período, minha rotina era extremamente ocupada: trabalhava das 8h às 18h como operador de telemarketing e estudava das 18h30 às 22h. Em seguida, fiz dois estágios, um pela manhã e outro à tarde, com a faculdade à noite. Morava em uma cidade e trabalhava e estudava em outra, chegando em casa por volta de meia-noite e acordando às 7h para repetir a rotina.
Após me formar em 2015, voltei a me dedicar aos videogames, jogando todas as noites após o trabalho no meu PlayStation 3, PlayStation 4 e Nintendo Wii. Foi então que, navegando pelo Facebook, vi um streamer jogando hacks de Super Mario World com várias pessoas assistindo e comentando. Aquilo me chamou a atenção, e pensei: “Se ele pode fazer, eu também consigo”. Comecei a pesquisar sobre equipamentos e jogos. Eu tinha um notebook simples, com pouca memória, processador fraco e sem placa de vídeo, mas era o suficiente para rodar emuladores de Super Nintendo e PlayStation 1. Comprei uma webcam Logitech C270, um microfone BM-800, um headphone Superlux HD681 e uma placa de captura para transmitir meus consoles. Todos esses equipamentos foram adquiridos no AliExpress, muito antes das altas taxas de importação. Eu já tinha uma cadeira de escritório desgastada, mas suficiente para começar. Aprendi a configurar o OBS Studio, que até hoje é o software mais utilizado para lives e vídeos no YouTube, e como fazer transmissões simultâneas em várias plataformas. Decidi começar no YouTube e Facebook, com o YouTube inicialmente planejado apenas para vídeos, mas logo optei por fazer lives também.
Um detalhe importante que poucos consideram é o nome do canal. Na minha opinião, ele deve ser curto, sem caracteres especiais ou números. Antes de criar o canal, eu tinha um site de vendas de games, pois comprava pacotes de jogos em sites como OLX e eBay para revender, mas a falta de tempo me fez desistir do negócio. O nome do site, porém, era bom, fácil de associar a jogos, e daí surgiu “AchaJogo”, que uso em todas as minhas redes.
Com tudo pronto — nome, equipamento e configurações —, fiz minha primeira live no dia 27/08/2017, no Facebook e YouTube (infelizmente, a live não está mais disponível, quando decidi parar de fazer lives acabei excluído todas as lives do youtube e o facebook excluiu automaticamente). Joguei meu jogo favorito de Super Nintendo, Donkey Kong Country 2, mas a transmissão foi um fiasco. Algumas pessoas apareceram, mas não ficaram. Eu era inexperiente, passei a maior parte do tempo calado, concentrado no jogo. Apesar disso, em nenhum momento pensei em desistir — afinal, era apenas a primeira tentativa. Durante minhas férias, continuei fazendo lives à tarde. Inspirado por outro streamer que completou Donkey Kong Country sem morrer, decidi fazer o mesmo com o DK2. Levei cerca de 20 lives para conseguir, e quase o mesmo tempo para completar DK1 e DK3 sem morrer.
Depois das férias, as lives passaram a acontecer à noite, três vezes por semana, sempre como hobby. Transmitia simultaneamente no YouTube, Twitch, Facebook, e até em plataformas como Mixer, NimoTV, CubeTV, Streamcraft, DLive, Booyah, Trovo, Kick e Kwai. Atualmente, foco no TikTok.
Após quatro anos jogando diversos jogos e principalmente DK, um amigo me apresentou jogos play-to-earn, onde você pode ganhar criptomoedas jogando. Fiz um vídeo comparando Alien Worlds e My Neighbor Alice, o que impulsionou o canal. Ganhando muitos seguidores, percebi que meu hobby poderia se tornar uma fonte de renda. O canal cresceu de 5 mil para 16 mil inscritos no YouTube, e passei a fazer lives apenas na Twitch, onde também obtive crescimento, chegando a quase 5 mil seguidores e mais de 100 espectadores regulares, especialmente com o sucesso de Axie Infinity. Investi em mais de 40 jogos play-to-earn para criar conteúdo.
Depois de seis meses imerso nesse mundo, tomei a grande decisão de sair do meu emprego de sete anos para me dedicar exclusivamente às lives. Pedi demissão em outubro e, em 1º de novembro, estava completamente focado nas transmissões. Porém, o jogo CryptoCars, um dos mais populares, sofreu um rug pull (golpe em que os criadores de criptomoedas roubam o saldo dos usuários e abandonam o projeto), o que gerou desconfiança e causou a desvalorização de outros jogos. Muitas pessoas abandonaram esse universo, e, embora minha decisão de sair do emprego parecesse certa no momento, acabou sendo desastrosa.
Com o desânimo, parei de fazer lives e vídeos. Felizmente, eu havia economizado o suficiente para me manter por um ano. Durante esse tempo, comecei a procurar emprego home office, pois sofro de gota, uma doença que afeta minhas articulações, o que dificultaria um trabalho presencial. Então, comecei a estudar para atuar na área de qualidade de software e, no último momento, consegui um trabalho home office, onde estou até hoje.
Com minha situação estabilizada, um colega de stream me contou que havia pessoas fazendo lives no TikTok. No início, pensei que o TikTok fosse apenas para danças, como muitos dizem, mas decidi tentar. Criei minha conta, comecei a postar vídeos e descobri que, para fazer lives, era necessário ter mil seguidores. Porém, ao me juntar a uma agência, consegui liberar essa função antes de atingir esse número. Comecei a fazer lives no TikTok com menos de 100 seguidores e, na primeira semana, ganhei quase mil. O crescimento foi rápido e constante. Como já tinha experiência com a trilogia Donkey Kong Country, decidi focar nesses jogos, que gosto muito e dificilmente enjoaria. No dia 27 de março de 2023, fiz minha primeira live no TikTok, e desde então o público só cresceu. Hoje, tenho mais de 100 mil seguidores e faço lives de segunda a sexta, durante o almoço e à noite.
O TikTok tem sido a plataforma mais receptiva e bem-sucedida para mim, e talvez seja onde encerro minha jornada como streamer quando o momento de “aposentadoria” chegar.